Nota da Frente Internacionalista dos Sem Teto acerca da discriminação que sofre do Conselho Popular
Apesar de ter levado um grande número de pessoas no último Primeiro de Maio, quando o mote principal da manifestação teve como tema “despejos e remoções”; apesar de ter lutado pela unificação dos movimentos sociais, tendo levado um significativo número de participantes no Seminário realizado na Ocupação Quilombo das Guerreiras; apesar de ser um movimento que conta com o maior número de ocupações urbanas no Estado, totalizando 17; apesar de em quase todas as ocupações estarem estampadas em suas fachadas o tema em defesa da soberania nacional “O Petróleo Tem Que ser Nosso” – dinheiro do petróleo para a moradia e gás a um real; apesar de termos sempre defendido todos os lutadores sociais do campo progressista quando presos pela repressão; apesar de termos nos colocado a disposição da defesa contra as remoções e despejos em virtude do afastamento dos defensores públicos comprometidos com os pobres; e, apesar de termos recebido representação na OAB por parte do Presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em virtude da argüição de suspeição que fizemos contra vários juízes e desembargadores, inclusive o próprio desembargador Zveiter, que estão de maneira parcial contra a posse dos excluídos; apesar disso, pela segunda vez a Anistia Internacional e a ONU terem passado pelo Rio de Janeiro e não terem visitado nenhuma de nossas ocupações, sendo que 4 delas encontram-se no centro do Rio com ameaças de desalijo pela Prefeitura e Justiça, com a emissão inclusive de laudos genéricos e falsos de suposto risco de desabamento. Cansamos de pedir a ida a uma dessas ocupações, mas parece que para tal é o de ser atrelado a algum partido político, o que realmente rejeitamos porque o movimento deve ser autônomo e independente da política partidária - o desplante maior aconteceu na última sexta-feira - quando da Audiência Pública com a ouvidora da ONU, a FIST foi impedida de participar da mesa e os representantes de suas ocupações lhes foi boicotado o uso da palavra. Apenas foi dada a palavra a uma das ocupações, após veemente protesto, ao companheiro Walter da Ocupação Anita Garibaldi.
Cremos que tal procedimento só favorece o capital e seus representantes nos governos federal, estadual e municipal. Ressalte-se que a ocupação dos cegos Isauro Camargo, localizada ao lado do Instituto Benjamin Constant, conseguiu contra a União vitória em primeira instância e, mesmo assim, o governo federal recorreu, demonstrando que a Presidência da República participa diretamente do plano de remoção e despejo para que seja a cidade “limpa” de pobres, afim dos megaeventos da Copa do Mundo e Olimpíadas.
Devemos colocar ainda que exceções acontecem, pois recentemente a FIST conseguiu mais duas vitórias na justiça: em ações de manutenção de posse das ocupações Anita Garibaldi e Caldeirão, esta localizada em Niterói.
Apenas a unificação dos movimentos poderá barrar a sanha dos poderosos e atitudes como as denunciadas que ferem frontalmente o direito dos oprimidos.
Assinam: André de Paula , Antônio Louro, Thieplo Bertola, Aparecida Mercês, Marília M.G. de Lima
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